India Morgan Phelps, ou Imp para alguns, é esquizofrênica. Filha e neta de mulheres acometidas pela mesma doença, Imp vê na escrita uma forma de contar sobre seus fantasmas, passar sua história a limpo e exorcizar seus demônios. Devido a sua incerteza quanto ao que é real ou não e após se deparar com o quadro "A Menina Submersa" e encontrar Eva a desconfiança passa a ser companheira não só de Imp, mas também do leitor.
A história gira em torno do relacionamento de Imp e Abalyn, sua namorada, e da obsessão de Imp para com Eva Canning, uma mulher que encontrou duas vezes: uma em julho (quando ela era uma sereia) e outra em novembro (quando ela era um lobisomem). Nas duas vezes foi a primeira vez, apesar de ser a mesma mulher, encontrada nua na beira da estrada.
“- Seu coração é frágil, India Morgan. Seu coração é uma loja de louça e o mundo é o touro dentro dela. Seu coração é feito de vidro.”
A Menina Submersa é narrado em primeira pessoa, Imp é com certeza dessas narradoras em quem não se pode confiar, ela nos conta a história de forma desorganizada, apresenta fatos estranhos e mistura sua imaginação com a realidade, dito isso e sabendo que Imp escreve de forma não-linear, como se fossem apenas anotações e lembranças de uma mulher esquizofrênica, resta dizer que esse é um livro difícil, mas que pode conquistar o leitor caso exista calma.
A história que encontramos no livro é daquelas na qual é necessário se entregar, mergulhar na leitura e pensar como a personagem principal, a questão é que essa é uma tarefa difícil para alguns leitores, imagine então se entregar a uma história com uma personagem tão confusa quanto Imp. Essa confusão que para alguns leitores pode ser um problema, talvez se torne o ponto alto e mais cativante para os que quiserem e conseguirem dar atenção total ao livro.
A escritora executa seu trabalho de forma brilhante, não apenas nos conta a história de uma menina esquizofrênica, mas nos leva a um cruel passeio por sua doença. Não é apenas Imp que se vê sem saber o que é ou não real em sua história, em nenhum momento é dado ao leitor base sólida de informações para que as memórias de Imp sejam questionadas. Sem saber o que é fato ou fantasia, a única opção do leitor é levar como verdade tudo o que nos é contado, mesmo que desconfie.
É importante também comentar o quanto Caitlín R. Kiernan consegue tratar com naturalidade tantos assuntos que geralmente podem parecer forçados quando não tão bem escritos. Além da esquizofrenia de Imp, que poderia ser tratada de forma superficial e tornar o livro algo totalmente diferente, India é lésbica e sua namorada é transexual, ambos os assuntos poderiam ser tratados de forma totalmente errada, porém são abordados de forma sensível e natural.
A Menina Submersa não é um romance, não existe ação, é surpreendente porém não da forma que um leitor possa esperar, não é um livro de terror e não pode ser chamado de fantasia, dificilmente alguém conseguirá descrever tudo o que essa obra pode ser, é definitivamente um livro para se ler e então poder saber do que se trata, apesar de talvez não entender ou saber explicar.
O livro tem uma linda edição e capa maravilhosa, como sempre a DarkSide caprichou, mas meu conselho é que não se deixem levar apenas por isso, leiam resenhas e levem em consideração que esse não é um livro que todo leitor irá gostar, como já disse é um livro difícil, mas pode se tornar um dos favoritos se houver atenção, paciência e aquela tal de dedicação.
E essa foi a resenha de hoje, esse é mais um livro lido para o projeto IDY 2016, espero que tenham gostado e que continuem acompanhando o blog aqui e nas redes sociais já que são por elas que você podem saber tudo o que acontece por aqui.
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